domingo, 1 de julho de 2012

Depois dos fatos, temos os jatos

O Acordo Ortográfico, a que prefiro chamar aborto ortográfico, porque é um verdadeiro aborto e porque não merece ser escrito com maiúsculas (ao contrário dos nomes dos meses), já é suficientemente mau, na minha modesta opinião. Mas pior é a tendência para abastardar a ortografia para além do que o aborto ortográfico manda, com reflexos na própria pronúncia das palavras. Já aqui referi a tendência para falar em fatos, que em português europeu (e suponho que africano) são trajes masculinos, quando se pretende referir factos. Hoje li num rodapé do noticiário da SIC "A Turquia envia jatos e helicópteros para a fronteira da Síria." Ora sempre ouvi pronunciar "jactos", quer para os aviões com motores a jacto, quer para referir um jorro impetuoso de um fluido. Aliás tanto o velhinho dicionário de Cândido de Figueiredo como o recente (mas felizmente anterior ao aborto ortográfico) Houaiss apenas referem "jacto" e não "jato".  Relembro que a Base IV, 1.º b do Acordo Ortográfico (que no caso desta Base merece o nome e as maiúsculas) estipula a conservação do c e do t antes de uma consoante quando são pronunciados. Portanto aguentem lá o jacto.

Em alternativa, recomendo à SIC que, se elimina consoantes não mudas por antecederem uma consoante, escreva "A Turquia envia jatos e helicóteros para a fronteira da Síria".

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